PARA QUE SERVE A CRÍTICA MUSICAL?

Nando Ramos | Todos os direitos reservados.

Compartilhe esse conteúdo!

SERÁ QUE A CRÍTICA MUSICAL É MESMO IMPORTANTE?

Até que ponto a crítica musical é uma opinião especializada e relevante? Ou não passa de mais um mero entretenimento?

É sobre isso que eu vou falar nesse vídeo/texto/post que é uma verdadeira obra prima, ou não…

Salve galera, Nando Ramos aqui, e eu fiz uma enquete esses dias na aba comunidade do meu canal do Youtube com a seguinte pergunta:

Qual é a sua opinião sobre os CRÍTICOS MUSICAIS?

Opção 1: Você acha que eles não passam de uns músicos/artistas frustrados? E agora descontam toda a sua frustração na arte alheia?

Opção 2: São importantes para nos mostrarmos o que é bom e o que não é, desde que apresentem argumentos relevantes.

A maioria votou na primeira opção.

Como eu sei que vocês adoram uma treta né gente, eu vou abordar nesse vídeo/texto/post a MINHA OPINIÃO sobre a crítica musical! 

Já diria Gustave Flaubert, o escritor Francês:

“Faz-se a crítica quando não se pode fazer arte…”

Calma, calma, não é beeeemmm assim.
 
A crítica sempre fez parte do mercado, isso em todas as artes, música, cinema, artes plásticas e etc.
– os artistas/gravadoras enviam seus trabalhos para a crítica e aí duas coisas podem acontecer:
 
O crítico achar o novo álbum do artista um obra de arte maravilhosa, e isso ajuda a divulgar o trabalho, ou…
 
O mesmo achar o trabalho uma porcaria, e aí meu amigo, as pessoas podem sim ser influenciadas a não gostar daquele trabalho, mesmo antes de ouvir, sabe por que?

Porque a crítica não gostou!
 
Aí deu ruim!
 
Lembra das locadoras? Onde tinha a crítica na capa das fitas e dvds?
Mas até que ponto a crítica é de fato especializada?
O crítico gosta daquele estilo que ele vai avaliar ou não? Caso contrário ele vai avaliar de acordo com o seu gosto pessoal, certo?
 
Se eu sou um crítico que odeia pagode e receber um novo trabalho de um grupo de pagode para avaliar, vocês acham que eu vou ser imparcial? Jura?
 
E até o Grammy, que seria o “Oscar da música”, já foi criticado e questionado por diversos críticos e artistas…

Em 1996, quando a banda Pearl Jam ganhou o Grammy, na categoria melhor performance de hard rock, o cantor Eddie Vedder comentou no palco:
 
“Eu não sei o que isso significa, eu não acho que isso significa alguma coisa.”.
 
Artistas que são muito criticados, como justin bieber por exemplo, já receberam prêmios no Grammy, que é a crítica especializada “pica das galáxias”, e aí?

LANCE & MONETIZE SUA MÚSICA

Será que o crítico analisa pra quem aquela obra foi destinada? Por exemplo, um filme feito para adolescentes, pode parecer uma porcaria para pessoas mais maduras, só que o filme não é uma porcaria, ele só não foi feito para pessoas maduras.

Da mesma forma tem música que foi feita pra dançar e aí vem o questionamento:
 
– Ah mas cadê a mensagem na letra?
 
Que mensagem? não foi feita pra ter mensagem nenhuma!
É pra dançar! 
 
Arte é expressão.

O funk carioca é uma expressão que veio da periferia – Existe uma conexão com as pessoas que vivem alí. 

Sabe aquela música do Nando Reis que foi gravada pelo jota Quest

“ter filhos, nosso apartamento, fim de semana no sítio”
 
Que sítio? será que isso faz sentido para quem vive na periferia?
 
Duas observações aqui:
1 – Na periferia pode muito bem ter várias pessoas que gostam de jazz ou música clássica ou outros estilos, ok?

2 – Eu não estou falando mal do Nando Reis e nem do jota Quest, estou falando de conexão, de fazer sentido a música para quem se destina.
 
É de uma soberba, de um ego imenso eu vir aqui e falar 
 
“- isso não é música!”
“- não é assim que se faz música!”
 
Quem sou eu na fila do açougue?
 
Será que o crítico consegue ter a dimensão, a sensibilidade do que o artista queria passar?

Eu lembro de assistir uma entrevista do renato russo sobre o seu segundo disco solo “equilíbrio distante”, onde ele comentou que o disco não ficou tão brega, ele queria até mais brega do que ficou.

Ou seja, se um crítico tivesse escrito na época que o disco era uma breguice total, com o intuito de ofender o artista, ele só estaria reforçando o conceito do disco, era isso mesmo que o renato queria.
 

A questão é que o crítico ele não pode escrever ou gravar um vídeo assim:
“Eu não gosto dessa banda porque….. Eu não gosto, ponto!”.

Não, o crítico musical ele tem que argumentar… E nessa argumentação, ele pode ir pro lado técnico…
São harmonias muitos simples, pouco criativas… letras rasas e etc..

Mas aí muitas vezes, o próprio crítico não tem habilidade pra argumentar, principalmente se ele é jornalista, aliás até onde eu sei, jornalista mostra os fatos e não dá a sua opinião sobre o assunto

Saber datas e nomes não é sinal de conhecimento musical, tá gente?
Parece aqueles comentaristas de futebol, que sabem a escalação inteira do corinthians em 1978, mas na verdade nunca jogaram bola, mas criticam todos os técnicos e jogadores, sabe?

Então ele tem que achar uma razão, um ‘porquê’ que ele não gosta daquele som.

E é aí que muitos deles se enrolam. O mesmo motivo que o crítico usa para elevar a arte de um determinado artista, é o mesmo argumento que ele usa pra derrubar, pra cacetear o outro, entrando em contradição.

Foi isso que eu tentei explicar no vídeo que eu fiz sobre a crítica que o Régis Tadeu fez sobre os Engenheiros do Hawaii.

Teve até uma pessoa que escreveu: crítica da crítica, lamentável.

Sim, crítica da crítica, ué? O crítico musical pode falar qualquer coisa e a gente tem que baixar a cabeça?

Se a banda faz um novo álbum muito parecido com o anterior, o crítico diz que faltou criatividade, é “mais do mesmo” e etc.

Se a banda inova, traz algo novo ao som, ela está se vendendo ao mercado, perdeu a essência.

Se a cantora dança e dá pirueta no palco, esqueceu da música.

Se os músicos se concentram em tocar e ficam mais concentrados, faltou carisma!

Ahhhh nunca tá bom!

Agora o crítico tem todo o direito de dizer que o som da banda “X” não lhe agrada, que a arte não se conectou com ele ou que ele simplesmente não gostou! Na opinião dele! Mas mantendo sempre o respeito!

O “problema”, entre aspas, é que a crítica musical também virou entretenimento! Então é engraçado ver o crítico xingando, dizendo frases de efeito sobre o trabalho dos outros.

Para piorar, o crítico hoje, também é independente, ou seja, ele precisa de like, de inscritos e de público. E os views dele falando sobre o novo álbum do “Nando Ramos”, não se compara ao um vídeo que ele vai falar sobre o novo álbum do Metallica, entende?

E ainda no final, o crítico diz assim:

“ah, não é nada pessoal, tá?

Cara! Nada é mais pessoal que a música que eu fiz!

É muito fácil apontar o dedo e dizer “esse trabalho é uma porcaria”, sendo que esse cara, muitas vezes nunca escreveu uma canção na vida!

Um artista arrisca tudo quando lança um disco, um filme, um livro e merece respeito.

APRENDA A COMPOR OU MELHORAR SUAS COMPOSIÇÕES

A crítica embora importante, não é categórica. Qualquer obra deve ser apreciada de forma particular.

Agora eu te pergunto:

Você muda de opinião ao ouvir uma crítica?

Se você gostar muito de um álbum, banda ou filme e o crítico dizer que é uma porcaria, você muda de opinião ou é simplesmente irrelevante?

Ah fala a verdade, influencia né?

Eu acompanhava a uns anos atrás os canais Jovem Nerd, Omelete, Ei Nerd, e sempre que assistia um filme ou série, eu corria pra assistir a crítica publicada nestes canais.

Só que eu senti que essas críticas começaram a me influenciar, então, eu parei de assistir.

Eu não sei se você lembra de Star Wars episódio 1, A Ameaça Fantasma, lançado em 1999, foi o primeiro filme de SW que eu assisti no cinema, e eu adorei o filme. Muitos anos depois eu fui descobrir que a crítica detonou esse filme e a “nova” trilogia de star wars e eu percebi que os argumentos da crítica eram, técnicos e alguns deles acabaram me influenciando… Eu comecei a perceber os “erros” do filme e isso estragou toda a minha experiência.

E eu tive que me ausentar desse tipo de conteúdo, por alguns anos, pra não envenenar a minha experiência ao assistir uma série ou filme, sabe?

É que nem crítico ou músico profissional quando vai a um show, ele começa a prestar atenção em cada detalhe, no som, na luz, na performance dos músicos, porque ele precisa escrever depois sobre o show.

Só que ele esquece de uma coisa, de curtir o momento!

Aproveita o show caramba!

MAS NANDO A CRÍTICA É IMPORTANTE PORQUE HOJE SÓ TEM MÚSICA RUIM...

Existe música ruim, porque as pessoas continuam consumindo música ruim.

A gente não pode esquecer que existe um mercado! Deveria existir um equilíbrio entre o mercado e a expressão artística.

Teve um podcast que eu falei sobre o single a era do single que destrói a expressão artística.

TÁ NANDO ENTÃO VOCÊ ACHA QUE A CRÍTICA NÃO SERVE PRA NADA?

Eu acredito na crítica pró artista!

Muitas vezes existe de fato um baita de um disco, que não vai ser ouvido, porque o artista/selo/gravadora não tem grana pra investir em marketing e aí sim, tem que haver o papel da crítica pra dizer:

“- Galera, esse disco é muito bom!”

Só que como eu mencionei anteriormente, muitas vezes o crítico é “forçado” entre aspas a falar dos grandes, porque assim, a audiência é maior.

E pra ser bem sincero com vocês, eu também sou youtuber, e também sou escravo do algoritmo, eu tento manter esse equilíbrio, ou seja, eu posto vídeos que eu quero postar porque eu quero postar, mas eu também tenho que postar vídeos que dêem audiência! Porque se não, o canal vai fechar as portas.

Será que criticando, e muitas vezes ofendendo, as pessoas vão parar de ouvir música ruim?

E o que é música ruim? Não é uma questão de gosto pessoal?

Sim e não! Eu acredito que a pessoa vai continuar ouvindo a música que ela gosta, por conexão, por memória afetiva entre outros motivos…

Mas ela pode sim, experimentar outros artistas e estilos…
Isso só pode ser feito com educação e oportunidade.

Quando a gente estuda um instrumento musical, a gente passa a ouvir música de uma outra forma.

E quando tem uma experiência, fora do habitual, pode sim despertar algo que você não sabia que existia dentro de você.

Eu ouvi uma orquestra tocando na minha frente quando tinha 15 anos de idade e eu fiquei chapado! Agora se não tiver a oportunidade de ouvir, talvez a pessoa não tenha acesso a outros estilos…
a novas experiências… isso sim pode fazer alguém a se interessar por outros estilos de música.

Eu não sou crítico musical, (deus me livre), mas eu vou contribuir nem que seja um pouquinho, com os artistas independentes te convidando para ouvir essa playlist aqui, Nando Ramos FM.

Tem esse nome porque tem vários estilos nessa playlist. ouve só artista independente.

APRENDA A PRODUZIR SUAS MÚSICAS EM CASA

A ARTE É SUBJETIVA… ENTÃO COMO QUALIFICAR O QUE É SUBJETIVO?

O que é bom pra mim, não necessariamente é bom pra você.

Eu estudo música desde os oito anos de idade, eu comecei a estudar violão como auto autodidata depois eu estudei bateria e lá pelos trinta anos, eu fui atrás de estudar teoria musical e etc.

E eu posso falar pra vocês, eu gosto de arranjos complexos e harmonias rebuscadas? Sim!

Mas eu gosto de muita coisa que é extremamente simples!

Por que?

Porque me alegra! Porque me passa uma energia, uma sensação boa!
Me lembra uma época boa da minha vida!
Tem músicas que me lembram de pessoas especiais, isso é o que chamam memória afetiva.

Eu gosto de bandas que os músicos não são exatamente ótimos instrumentistas! Ou seja, a técnica nem sempre é o mais importante!

E eu tenho absoluta certeza que qualquer crítico, também gosta de alguma coisa bem simples, sabe? Talvez até uma podrera.

Quem aqui não gosta de uma filme bem clichê daqueles da seção da tarde, sabe? Previsível que a gente já sabe tudo o que vai acontecer!
Mas a gente gosta de assistir.

Muitas vezes a gente não tá no clima de assistir um filme cabeção, sabe? A gente quer relaxar com um besteirol mesmo. A gente não tá afim de ouvir um guitarrista fazer escalas o tempo inteiro na música.

Às vezes a gente quer 3 acordes mesmo…

Na minha humilde opinião a crítica se tornou entretenimento, assim como esse vídeo ou texto que você está lendo agora e tantas outras coisas. Mas ela é importante, quando faz o papel de nos mostrar novas possibilidades, no que eu chamei de crítica pró artista.

E você o que acha?

E eu vou ficando por aqui galera, valeu demais por ter lido até o final e eu volto em uma próxima oportunidade!

Tchau!

Eu acredito que você também vai gostar de ler esses:

UM GUIA PASSO A PASSO PARA VOCÊ PROTEGER SUA MÚSICA CONTRA PLÁGIO E GARANTIR SEUS DIREITOS AUTORAIS E CONEXOS