Um utensílio deve ter utilidade, não é mesmo?
Este que vos falo tem uma utilidade limitada, não satisfatória!
Afinal para que serve o guarda chuvas?
Proteger o indivíduo de gotas que caem do céu? Corrijo dizendo – não molhar a cabeça, pois da cintura para baixo ficaremos molhados pelos respingos, poças e carros que passam nos alvejando barro em formato líquido.
Há quem ache o guarda chuvas uma peça de moda que compõe o figurino.
Há quem dance na chuva e faça disso um lindo balé urbano, ou seria street dance?
Eu não ligo para os guarda chuvas, se pudesse não teriam mais meu dinheiro investido neles, mas é inevitável a ilusão de que eles nos protejam da gripe, da gafe de apresentar-se todo encharcado.
O guarda chuvas tem admiradores, é roubado no banco, nas escolas ou qualquer lugar onde o nosso utensílio esteja descansando. Não adianta colocar o nosso nome nele, assim mesmo ele se vai, nas mãos de outro, às vezes é seduzido pelo vento, e parte, não volta mais.
Há quem diga que o guarda chuvas tem uma dimensão própria, são abduzidos por outros da sua espécie, e se encontram com objetos, canetas, chaves e notas fiscais, coisas que perdemos um dia.
Do outro lado da rua alguém se diverte quando tentamos domar o guarda chuvas, que luta contra a tempestade, contra a ventania que veio para dobrar-lhe a espinha e enterrá-lo na lixeira mais próxima!
O guarda chuvas é protegido pelas nossas mães, não existem maiores devotas do que elas.
O guarda chuvas não guarda nada, apenas nos faz levá-lo antes da chuva e retornar com o mesmo num belo dia de sol.
Nando Ramos 1/12/2011